Parece que a minha gata Gui levou isso a sério, pois conseguiu driblar a segurança de casa, fugir para a rua, seduzir pobres gatinhos (que lutaram bravamente entre si pela dama) e depois de meses, me deixar louca com o nascimento dos lindos e maravilhosos gatinhos!
Foi uma noite fria, a Gui insistia para que eu acordasse, miava em cima de mim até que minha amiga (que dividia a casa comigo) ouviu e resolveu colocar um colchonete na sala e ficar com ela. Só que ela continuava a miar desesperada. A barriga enorme, tinha dificuldades até de pular. Foi então que resolvi encarar o frio e ver o que acontecia na sala. Quando cheguei, a Gui me olhava fixamente, como que pedisse ajuda. Foi o que bastou para que eu e minha amiga entrássemos em pânico! Cheguei a ver a hora que a gata iria até a cozinha preparar uma água com açúcar para aquelas duas retardadas de primeira viagem. O fato que havia chegado a hora e pronto. Eu respirava como mandam as grávidas respirarem, acho que isso não acalmou muito a Gui, que miava ainda mais. Quando o primeiro gatinho nasceu, quase chorei (mentira, chorei muito). Ele era amarelo claro, quase um bege. Dei o nome de Led. O segundo foi da mesma cor, virou logo músico também: Tom. As três seguintes foram gatinhas: Brigitte, Rita Lina e Sam. Rita Lina sempre foi a mais esperta, os machos eram fofinhos e carinhosos.
Tudo parecia um mar de rosas até as criaturinhas caminharem. A Gui ensinou-os a usarem a caixinha. Além disso, adorava trazer lagartixas vivas e chamar os filhotes para caçar. Era tão fofo!!! Tive que buscá-los nos mais variados buracos e depois de três meses, íamos nos mudar para Salvador, e ficar com todos seria impossível, mal conseguiríamos levar a Gui conosco. Os dois machinhos foram dados imediatamente, causando choros e soluços. As gatinhas foram mantidas juntas, por uma amiga que as adotou (já conheci até um bisneto da Gui).
E assim, ficamos só nós novamente, com as peripécias da Dona Guilhotine (assim eu a chamava), que cada dia se tornava mais mimada e amada por mim. A primeira vez que subiu no telhado, acabamos conhecendo alguns vizinhos, que saíram para nos ajudar, já que eu gritava em pânico para que a gata voltasse ao chão. Doce ilusão, pois ela passou a fazer isso constantemente, junto com seus amiguinhos para o meu desespero. Até o dia em que chegou a hora de ir para a Bahia... o dia da separação...